“Como podemos impactar os públicos com os quais a gente se relaciona, a partir da diversidade?”. Durante um tempo, essa reflexão inquietou o time de diversidade da Gerdau.
Quase três anos antes, a empresa tinha iniciado a sua agenda de Diversidade e Inclusão (D&I), focando no trabalho interno, desde a formação da governança até a criação de metas e ações para atingi-las. A maturidade no tema fez a organização perceber que também tinha potencial para impulsionar o mercado a fazer o mesmo. A começar pela cadeia de fornecedores.
“A gente ainda não se considerava um modelo para o mercado, mas já podíamos impulsionar os nossos parceiros. Não como exemplo, mas como um convite a fazer juntos”, conta Carla Daniel, Gerente Global de Diversidade e Inclusão da Gerdau.
Foi assim que, em 2020, a empresa criou o Inspire Gerdau, programa de D&I com foco na cadeia de suprimentos.
A formação das empresas
Para cada um dos dois ciclos do programa, a Gerdau convidou cerca de 380 fornecedores para se comprometerem com indicadores de D&I e avançarem com o tema internamente. Na primeira edição participaram 129 empresas e na segunda 145. Dentro do processo, foi estabelecida a governança e as primeiras diretrizes, mas a empresa identificou que faltava algo. E foi neste momento que procuraram a Mais Diversidade.
“Identificamos que, se por um lado, estávamos cobrando dessas empresas que elas avançassem com a pauta, por outro, para muitas delas existia uma lacuna em relação ao aos recursos internos e ao conhecimento sobre o tema. Entendemos que não adiantava a gente cobrar e não apoiá-las nesse desenvolvimento. Queríamos uma empresa que tivesse conhecimento técnico e pudesse dar suporte para todos esses parceiros”, conta Carla.
O nosso primeiro trabalho com a Gerdau foi na criação de uma trilha formativa para os fornecedores. Para isso, o nosso time de consultoria trabalhou na elaboração de conteúdos relevantes que ajudassem as organizações a criarem um modelo efetivo de gestão para diversidade, ensinando-as a conectar diversidade com o negócio, a criar estratégias de D&I e a definir indicadores.
“O diferencial dessa trilha é que ela considera diferentes realidades de empresas: aquelas com nível de D&I avançado e que podem compartilhar conhecimento, outras de grande porte e com bastante recurso, mas que nunca tinham feito nada na área, e aquelas pequenas e médias que tinham bastante interesse no tema, embora sem recursos. Desenhamos um conteúdo que funciona bem para todas elas”, explica Carla.
“Nós tivemos que fazer ajustes de rota no meio do caminho porque há uma série de complexidades. Estamos falando de 200 empresas diferentes, cada uma com seu setor jurídico, suas regras de compliance, entre outros pontos. Não é a mesma coisa que fazer uma trilha de formação para uma única empresa. Então, a Mais Diversidade ter um time sênior e com bastante flexibilidade de adaptação foi essencial para dar certo”, completa.
Também ajudamos a Gerdau a construir a jornada das empresas parceiras no Inspire Gerdau, que é composta por três momentos: a oferta de conteúdo educativo de forma online, a criação de grupos para trocas de boas práticas e benchmarking e, por fim, um momento de mentoria em que pessoas consultoras da Mais Diversidade apoiam as empresas parceiras nos desafios vivenciados.
Ao concordar em participar do Inspire Gerdau, a organização passa por um censo que irá medir a sua demografia. Depois, ela participa da trilha de formação e, ao final de 12 meses, ela passa por outro censo para medir as mudanças.
“Depois desse período, a gente entende os avanços de cada uma e faz um evento para premiar aquelas que mais avançaram. Assim, termina a participação delas no Inspire Gerdau, pois entendemos que, após um ano, elas têm condições de avançar na pauta de forma autônoma”, conta Carla.
Na segunda edição do programa, nós também apoiamos a Gerdau na execução, na revisão e na mensuração dos resultados do censo de demografia de cada uma das empresas parceiras. Ao fim do ciclo, entregamos a elas relatórios personalizados com recomendações e próximos passos.
A transformação em números
O programa conseguiu resultados bastante positivos na demografia das empresas participantes. Entre as organizações que têm entre 100 e 499 pessoas colaboradoras, por exemplo, 81% conseguiram cumprir a meta de aumentar a contratação de mulheres e 69% a de aumentar o número de pessoas negras.
Outro ponto positivo são os resultados da trilha de formação. Inicialmente, as empresas estavam mapeadas nos estágios 1 e 2 de maturidade em D&I, ou seja, não tinham nenhuma iniciativa na área ou, se tinham, ela ainda estava em estágio inicial. Já no fim dos ciclos, a maior parte das empresas estava nos estágios 3 e 4.
O sucesso foi tanto que, no fim de 2022, a Gerdau criou cláusulas de ESG em todos os contratos feitos pelos times de suprimentos no Brasil. Entre elas, há uma cláusula específica de diversidade. Todos os fornecedores contratados pela Gerdau estão submetidos a esse contrato, independentemente de terem participado do Inspire Gerdau ou não.
“Talvez o maior ganho para a Gerdau tenha sido o fortalecimento da relação com a nossa cadeia de suprimentos. Passamos a ser vistos como uma empresa que está trabalhando de maneira efetiva para redução de desigualdades. Por uma articulação entre a área de D&I e a de suprimentos, a diversidade deixou de ser um tema suporte para ser algo que abriu muitas portas para a gente avançar em várias áreas de negócios”, conta Carla.